17 maio, 2008

A hora
que tudo se desvenda



Addam abriu a porta... estava surpreso! Como está Rita por Londres tão cedo? Pensava enquanto a profeta da desgraça subia pelas escadas rumo à porta do seu apartamento! Rita parou a meio do percurso. Respirou fundo. Pensou desistir, voltar para trás, desaparecer... Não o fez. Tinha decidido que seria assim. Que tinha que lhe dizer. Pensou em quantas vezes o Pai lhe tinha dito para que tivesse juízo, que mesmo sabendo ela o que fazia que tivesse cuidado... Porque não te dei ouvidos pai? Pensou Rita já em voz alta enquanto levantava uma das pernas entorpecidas e levava o pé ao degrau seguinte. Estava cada vez mais perto de Addam. Estava cada vez mais perto de desvendar o mistério, o terrível segredo que a tinha atormentado nestas últimas semanas. Passou-lhe tudo pela cabeça. A mãe tinha-a abandonado quando pequena. Quase não se lembrava de como era o rosto. Sabia apenas que muitos lhe diziam que era parecida com ela. Pensou em todas as respostas possíveis e imaginárias que Addam lhe podia dar. Pensou que, como o seu Pai, iria ter que educar o filho sozinha, isto se da sua decisão resultasse um bébé para contar a história. Nenhuma hipótese lhe parecia a acertada. Nenhuma lhe parecia real e mesmo que fosse. Parecia-lhe que nenhuma lhe serviria. Sim. Uma, mas sabia que estava fora de questão para Addam ir viver para Portugal - país do qual apenas conhecia o Algarve. Assumir um filho era um sonho que Rita nunca veria realizado... Mas era a resposta que gostava de ouvir da boca de Addam. A vida já lhe tinha passado toda em revista desde que tinha iniciado a subida. O futuro já o tinha imaginado muitas vezes nas mais diversas versões que este poderia apresentar. Chegou enfim à porta. Estava entreaberta. Com os dedos dobrados bateu na porta suavemente.
- Addam?
- Entra fica à vontade. Estou apenas a vestir qualquer coisa. Já me junto a ti.

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